#mãe - Para Renovar o Dia

domingo singular. dia dela. enquanto escrevo, ela continua aqui (na cozinha) sendo mãe. é abnegação que soa falta de bom senso. entrega sem limite. o cheiro do almoço de seu próprio dia é simplesmente único. é cheiro de amor. é cheiro de mãe.

quando pequeno, me lembro certa vez de chorar horas a fio ao ouvir um daqueles garotos mais fortes e mais velhos dizer: - sua mãe não volta mais, ela te deixou, morreu. brincadeira de mau gosto que cauterizou meu pobre e mimado subconsciente. perdê-la é algo que não cogito. e não penso que isso exista, porque mãe que é mãe não se perde, mesmo em meio a distância física.

mãe é algo espiritual. mãe é Deus se expressando no mundo.

a minha já foi Deus tantas vezes. anjo da guarda, senhora de exércitos, abrigo seguro, torre forte, escudo protetor, pastora que me guiou a águas tranquilas e pastos frescos. já foi paz, refúgio, rocha firme em que me apoiei, braços em que me joguei sem medo e tantas vezes me acalentei em drama. já foi substituta, intercessora, juíza, já foi pai e mãe tudo junto. vai entender como Deus é pai se, na maioria das vezes, age como mãe.

Deus é Deus e mãe é mãe, eu sei. mas é que...

lembro da cena da madrugada e de vê-la de joelhos ao lado da minha cama. lembro das doenças que tiraram sono e de cada cuidado detalhista com meu corpo. lembro do vídeo game novo chegando numa sacola plástica e provavelmente com um carnê escondido. lembro das compras de fim de ano e do presente escondido no dia 24. lembro do incansável som da máquina de costura que faz noiva sorrir para que eu também sorria. lembro da água, do tanque, do pastor e dela e meu irmão juntos comigo dizendo: eu creio.

lembro da mão que me salvou de acidente. lembro de cada abraço de saudade e dos choros ao telefone quando a vida nos separa poucos metros. lembro das capas de caderno artesanais e do "lanchinho de lancheira" de super-herói. lembro do primeiro violão que me deu no natal. lembro que prometi ser seu "companheirinho". lembro de tanta coisa, que sem medo de afirmar, não caberia num post "lembrável".

e se lembrar me faz chorar é porque não é só lembrança, é vida. e se vida é hoje, escolho viver tudo de novo.

viver a melhor amiga de agora e sempre, com quem me abro sem reservas e segredo minhas verdades. viver a parceira de oração e sonhos, longos contos. viver tudo mais intenso enquanto me resta viver no mesmo espaço físico, pois a saudade já me é real e dolorida.

preciso contar histórias inéditas. lembrar de situações não vividas. preciso criá-las, estar mais atento, mais grato, mais junto, mais vivo, mais filho. hoje é só mais um dia de mãe, porque mãe é todo dia. hoje é só mais um motivo para re-viver construindo o agora. só mais um momento de permitir-se e constatar que não entendo esse tipo de amor, apenas aceito, igual faço com Deus.

aliás, se Deus é mais mãe ou mais pai é o que menos importa, enquanto for simplesmente minha mãe.

obrigado Deus e mãe.

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f.tonasso
ps.: se entendeu o recado, faça o que seu coração está pedindo e faça agora.

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